quinta-feira, 24 de abril de 2014

Das Demissões



No corredor da empresa, duas pessoas conversam sobre o recente acontecimento:

- “O Renato foi mandado embora.”

- “Nossa! Serio? Já foram 3, só essa semana!”

Ambos ficaram um tempo em silêncio. Internamente uma mistura de dois sentimentos. O primeiro de felicidade por não terem sido eles os demitidos. O segundo de angústia porque sabiam que o cerco estava se fechando.

Renato tinha 45 anos. Era um funcionário mediano. As verdadeiras razões que o levaram a ser despedido nunca foram totalmente conhecidas. Isso é comum nas empresas. Talvez tenha sido uma imposição da diretoria devido a uma necessidade de redução nos custos do setor, baixa carga ou mesmo algum desentendimento com o chefe. 

Um pouco mais tarde Renato passa nas mesas das pessoas mais próximas se despedindo com um sorriso sem graça no rosto e os olhos úmidos.

- “Ate mais e obrigado por tudo...”, dizia Renato, entre outras coisas.

- “Que isso? Não foi nada. Boa sorte e mantenha o contato”, respondiam as pessoas sem saberem exatamente o que dizer e sem graça por não se sentirem merecedores dos agradecimentos.

Após a passagem de Renato, as pessoas se encaram cerrando os lábios e levantando as sobrancelhas num tom de lamentação. Algumas arriscam um palpite para o seu desligamento, outros tecem comentários revoltosos se referindo a tamanha injustiça.

Mais tarde, todos recebem um email de despedida composto de agradecimentos aos colegas e a empresa, uma reflexão poética e os contatos pessoais, numa tentativa de manter as portas da empresa abertas.

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