sábado, 31 de maio de 2014

Dos Encontros Sociais


Os encontros fora do expediente acontecem com relativa frequência. Alguns são os chamados "happy hours". Logo após o horário de trabalho, em um bar, com muito chopp e papo furado. Sem os familiares. Outros são os churrascos do setor, com ou sem os familiares, agendados com antecedência. Ocorrem após o horário do expediente também. Normalmente comemora-se o aniversario de alguém, a contratação de um estagiário, ou a despedida de um colega. Além desses encontros, há também as grandes festas de final de ano para todos os funcionários.

No "happy our" vai quem quer. O papo é democrático. Normalmente os chefes não estão presentes e são o assunto da mesa. Depois de falar do chefe o assunto muda para as fofocas internas e as especulações sobre os diretores que irão assumir ou deixar o cargo. O pano de fundo das conversas são as criticas à empresa. Ideias para a solução de todos os problemas da organização surgem aos montes, sempre muito bem articuladas. Uma pena que não passam da mesa do bar. Os demais temas são futebol, mulher, criticas ao Brasil e ao governo.

Nos churrascos da área as pessoas vão chegando em momentos diferentes. Primeiro a turma da organização vai acendendo a churrasqueira e enchendo os copos de cerveja patrocinada em parte pelos homenageados. Depois chega a turma que ficou uns minutos a mais na empresa fazendo hora extra. Por último os chefes. Eles também são os primeiros a irem embora. É um momento onde aquele funcionário que não se destaca por meio de resultados para a empresa, se destaca liderando a churrasqueira, a conversa e garantindo que todos estejam servidos. Os chefes e aspirantes ao cargo formam um grupinho e normalmente a conversa é sobre trabalho. A turma mais descontraída se diverte tirando sarro, dando risada e jogando truco. A ordem de saída da turma é inversa a de chegada.

As grandes festas de final de ano tem "boca livre". Em determinadas empresas ou escritórios são organizados "coqueteis", almoços ou jantares acompanhados de um farto "buffet" em um espaço de eventos. Nas indústrias normalmente são os churrascos dentro da fábrica mesmo! A informalidade do vestuário faz os diretores se confundirem com os demais funcionários. Por estarem acompanhados das mulheres e dos filhos humanizam a figura imponente deles. Tem pula pula para as crianças, cerveja para os adultos e música. Samba, pagode e sertanejo.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

O Discurso do Rei


O diretor da empresa discursou na formatura dos alunos do curso técnico para jovens carentes oferecido dentro da própria companhia. O curso teve duração de um ano. Durante a apresentação, ele exibiu os indicadores com a quantidade total de alunos que já se formaram nesse projeto social e com a quantidade de alunos que foram contratados pela empresa ou foram aproveitados por outras empresas da região. No final enfatizou que os melhores foram contratados.

Essa última frase pode chocar a princípio. Pensemos nos adolescentes daquele grupo que não acumularam ainda vitórias em seus currículos, que foram criados por pais opressores e que não receberam muitos elogios durante a vida. Portanto os mais fracos ou piores. É normal nos sensibilizarmos por eles. Porém, deixemos de lado o paradigma que valoriza os fracos no lugar dos fortes, e que sempre nos faz torcer pelo time que está perdendo. Vejamos as coisas pelo olhar do diretor.

Por que não valorizar os melhores? Buscar os que mais se destacam? As grandes organizações escolhem os melhores porque a sua existência depende disso. É importante procurar ser o melhor no que faz para contribuir com os outros e com a sociedade usando o máximo das suas possibilidades. Mas você pode se perguntar, onde se encaixam os que não são os melhores em nada? A boa notícia é que não nascemos prontos. Estamos em processo de mudança e evolução ao longo da vida. Devemos olhar para nossos adolescentes e ver uma obra em criação. Um rascunho. Em um ambiente propicio ao desenvolvimento e com um empurrãozinho na direção certa eles se tornarão pessoas de sucesso no que se propuserem a fazer.

Entretanto, fomos criados acreditando que uns nascem melhores que os outros. O tal do "dom". Que ou a pessoa é ou não é. E que, portanto alguns estão fadados ao fracasso por não demonstrarem grandes habilidades na infância ou na adolescência. Acreditamos que a vida inteira é uma fotografia do presente.

Por que não ver a vida como um filme onde gravamos nossa história acumulando muitos erros e acertos? Um engenheiro precisa estudar cinco anos e acumular pelo menos mais cinco de experiência  prática para estar apto a exercer plenamente a profissão. Ninguém nasce engenheiro.

Valorizemos então os fortes porém, sem excluirmos os fracos. Criemos um ambiente onde eles encontrem suas vozes para que possam contribuir melhor com a sociedade usando o máximo do seu potencial.